A poesia é bicho arisco e carrapicho!
Tudo está quieto,
mas ouço uma folha
esfregar-se em outras:
chocalho de árvores,
maracás frondosos
e esverdeados!
Tudo está dormindo,
mas eu sequer cochilo,
o pensamento corre
de um lado para o outro,
oras no passado,
oras no futuro,
a me embolotar o presente
com as linhas do tempo
que me cruzam, agora,
na avenida da vida
que se aponta na
quietude das horas.
Amanhã é segunda-feira
e estarei em segundo lugar
na vida que sinto agora
prenha de mim.
De vez em quando,
quando me dou a vez
de esmiuçar a partida da qual
me vou para correr no trecho
das ruas de Macapá, porque
preciso ser alguém na vida,
me tenho e me esquivo,
sou para mim uns trocados:
tostões de gente!
Há de haver algum recinto em que
a minha existência seja inteira?
Não faço ideia, só produzo!
Sei que ralo um palavra na outra
para ver se me enxergo.
De quando em vez
é a minha vez de me pegar,
ainda que a poesia seja um bicho arisco,
esquivo, sáfaro!
Mas é também um belisco,
fuxico da vida querendo aparecer,
cochicho dos dias sobre o fulano...
A poesia é carrapicho, seco do sol,
espinhoso de espanto,
que de vez em quando
se agarra na gente, espeta o corpo
e tu se sente!
Daniel Lima
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